Cristina Barros
Que seria de mim se não fosse a companhia das letras que vibram
o coração na sintonia dos ventos frios, que sacodem a rede embalando as
varandas num vai e vem de desencontros como minha fatiga emocional, desacelerando os bramidos valentes de minhas emoções, que na multidão das decepções
suplicam por coragem para prosseguir a caminhada do coração frágil ainda assim
valente, lutando e pleiteando o lugar no pódio da segurança do afeto... Quem amar,
pois as letras brigam e ferem um teclado frio e calado, saltando com vozes
repetidas como a saudade que insiste no mesmo som. Quanta coisa essencial e ilógica
se arrastando na sombra do passado, que teima pausar o presente com um assunto
insistente, que apenas o teclado consegue absorver e compreender sua fala
engasgada, amassada pelas noites traiçoeiras que embebedam a alma; que sofre de
tanta frieza e incerteza, por abrigar um coração sem destino e sem orquestra
para estimular a canção do amor, que há tempos preparou para o momento da
principal alegoria na arte da feliz canção de amar. Apenas as letras e a noite,
num bordado de estrelas no céu, compartilham minha dor, minha perda; meu amor...
Onde quer que vá, sei que na cidade dos devaneios nos acharemos e partiremos,
ouvindo a música do outro lado das batidas do teclado frio e calado, com voz
silenciosa nas noites frias do segredo, encharcando com as lágrimas quentes
dos meus olhos calados, que perderam o brilho esperando a melodia ecoar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário